Francisquense escreve livro sobre a Igreja Luterana no Brasil


Prefácio: todo livro tem algo a dizer, que é compreendido facilmente por alguns, mas não tão rapidamente por outros. Luteranismo Brasileiro foi escrito pensando com carinho também nestes outros leitores, que não têm o costume de ler livros com estrutura pesada e palavras difíceis.
Se estes leitores compreenderem bem o conteúdo, os demais certamente o farão com maior rapidez e senso crítico necessário ao bom leitor. Por isso, o livro pretende ser simples, objetivo e sem apego a muitos detalhes da história da Igreja Luterana no Brasil, que podem ser encontrados em outros bons livros.
Essencialmente Luteranismo Brasileiro é um livro de história, mas tem uma diferença importante em relação aos demais, que precisa ser registrada: não é um livro de história contada por um historiador, academicamente falando. O autor é Especialista em Teologia, com referências especiais à ética, cidadania e subjetividade. Por isso, o livro que você tem em mãos é uma análise da história luterana no Brasil, sim, mas feita do ponto de vista pastoral e ético do autor, cuja bagagem acadêmica e experiência pastoral qualificam e referenciam sua escrita. Através dele, o autor convida você a dar uma olhada em alguns fatos dessa igreja historicamente importante, enquanto pensa um futuro melhor, de mais parceria, respeito e consideração de uma igreja para com a outra. Isso faz com que o livro se torne relevante também para leitores de outras denominações religiosas, porque, através da história e desenvolvimento do luteranismo no Brasil, poderá traçar paralelos com sua igreja e seu jeito de ser, como igreja e cristão.
Na verdade, essa proposta surgiu de uma observação ao longo dos anos: apesar de existir toda uma história da Reforma Protestante e da Igreja Luterana ser a primeira das igrejas que podem ser classificadas como evangélicas, confessionalmente falando, são poucos os que conhecem os seus aspectos históricos básicos e sua caminhada como igreja no Brasil.
Mas essa pretensão de que ele seja objetivo não é um sinônimo de falta de conteúdo, de não se ter o que dizer. Pelo contrário. A objetividade pretende justamente ser criteriosa com o que está sendo dito ou escrito. E qual é critério do autor?  Nesta obra, o critério principal é o cuidado, o respeito, tanto para com todas as correntes teológicas dentro do luteranismo, quanto fora dele. Talvez por isso é que o livro tenha sido escrito ao longo de cinco anos, findo os quais ainda permanece a sensação de que não são suficientes e que algo mais ainda pode ser acrescentado. Mas essa sensação de algo a mais é boa e necessária, ao fim da leitura de qualquer livro. É somente na busca por esse conhecer sempre mais que o ser humano se revela verdadeiramente humano, em transformação necessária e constante. Se o nosso mundo é do tamanho do nosso conhecimento, e de fato é, que a leitura de Luteranismo Brasileiro venha para ajudar você a alargar horizontes, repensar seus conceitos, derrubar estacas, cercas e muros, se preciso; mas, que ele possa também ajudar a fortalecer suas convicções, firmar suas raízes e valorizar a história desse povo que caminha dentro da História de Deus.


Lauro Schneider
Especialista em Teologia
Barra de São Francisco – ES
Janeiro de 2015. 



INTRODUÇÃO


2017 é uma data especial para a Igreja Luterana, que marca os 500 anos de sua existência no mundo e os 200 de sua presença no Brasil. São 500 anos de uma história nascida da fé, ousadia, coragem e determinação do jovem monge agostiniano, Martinho Lutero, que em 31 de outubro de 1517 fixou 95 teses na porta da igreja de Wittenberg, Alemanha, chamando a igreja da época ao debate, sobre os erros que estavam sendo ensinados em seu meio.
Esse dia passou a ser conhecido como o Dia da Reforma Protestante. Especialmente é também conhecido como o dia do nascimento da Igreja Luterana. Como organização dentro do cristianismo, a Igreja Luterana pode ser considerada a primeira “igreja evangélica” no mundo, pelo uso e ênfase que fez do termo nos seus documentos confessionais, no sentido de destacar Cristo como o centro de sua teologia. No Brasil, ela se configura entre as quatro primeiras igrejas evangélicas a se estabelecer. Trezentos anos depois da Reforma, a partir de 1817, ela chegou ao país com a vinda dos imigrantes alemães (PRIEN, 2001, p 27). Além de muita esperança, trouxeram em suas malas também uma Bíblia e, com certeza muitos deles, o Catecismo Menor de Lutero. No meio destes imigrantes se formou a Igreja Luterana no Brasil. Esse luteranismo incipiente, que nascia com a chegada dos imigrantes, tornou-se a base para o nascimento da IECLB, das Congregações Independentes e da IELB, como fruto de missão da igreja luterana americana. Mas, curiosamente, mesmo com toda essa presença histórica do luteranismo e sua caminhada em solo brasileiro é comum ouvir perguntas do tipo:

- “Igreja Luterana, o que é”?
- “É uma seita nova”?
- “É a igreja dos alemães”?
- “Mas, o que ela ensina mesmo”?

Ao propor uma apresentação do Luteranismo Brasileiro, estas perguntas são algumas das razões pelas quais orientamos o pensamento e direcionamos nosso esforço sobre aqueles fatos e experiências que são mais relevantes para definir o jeito de ser da Igreja luterana, desconhecida de alguns, mas amada por muitos, em todo o mundo.
Entenda-se, portanto, que o livro é o resultado de um projeto de pesquisa em busca de respostas para essas perguntas que desafiam a compreensão da identidade luterana no Brasil, a partir de informações sobre os fatores sociais, políticos, econômicos e eclesiásticos que interagiram na formação e desenvolvimento dessa igreja e a transformou no modelo em que se encontra hoje. Nessa busca, priorizamos bons autores luteranos, bem como material publicado em periódicos, revistas e informações por questionário em e-mail. Foi assim que surgiu “Luteranismo Brasileiro - Origens, Condicionantes e Perspectivas”, que agora apresentamos para sua apreciação.
Essencialmente a obra é um livro de história, mas não de uma história analisada sob a ótica de um “historiador” e, sim, sob a ótica pastoral e ética do autor. Igualmente não é um livro exaustivo, que pretende esgotar o assunto. Foi pensado de forma resumida, porem consistente, tanto para quem já conhece ou não o luteranismo.  Seu objetivo principal é fazer um exercício de retroação histórica, no desenvolvimento do luteranismo brasileiro, como sendo uma base necessária para se compreender o presente e se pensar o seu desenvolvimento futuro.
Mas o livro envolve bem mais do que respostas a perguntas corriqueiras, pois também traz uma proposta implícita, no sentido de incentivar a valorização e o resgate de uma caminhada fraterna para as igrejas luteranas no Brasil. Essa caminhada fraterna não é uma simples discussão ecumênica, em seu sentido lato, abrangente, da qual eu decido se quero ou não participar. Ela reflete o desejo do próprio Deus, claramente revelado em João 17 e aceito pelas próprias igrejas luteranas no Brasil, que nos últimos anos vem transformando essa caminhada em proposta concreta, através da Comissão de Dialogo Inter confessional Luterano – CIL. Este anseio por um relacionamento fraterno dentro do luteranismo também é compartilhado pelo autor, que conhece um pouco a realidade de cada um dos modelos da igreja luterana, seja através do desenvolvimento de atividades enquanto exerceu o pastorado, ou no engajamento da própria fé, como membro leigo.
Dividido em sete capítulos, o livro prioriza tão somente os movimentos históricos iniciais e seus desdobramentos subsequentes, considerando as suas influências na formação da identidade luterana. Ao final de cada capítulo segue um questionário sobre o tema, que pretende servir de auxílio simples, ao alcance de todos, no aprofundamento do conteúdo. O primeiro capítulo faz uma breve apresentação de Lutero e situa o luteranismo na perspectiva da universalidade da igreja, ante a constatação de sua configuração em várias vertentes, ou igrejas brasileiras. O segundo considera a origem da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil - IECLB, passando pelos vários períodos, até se estabelecer como uma grande igreja no Brasil. Ato contínuo, o terceiro capítulo descreve a trajetória da Igreja Evangélica Luterana do Brasil- IELB, como fruto do trabalho missionário do Sínodo de Missouri, dos EUA. Já o quarto capítulo apresenta a Igreja Evangélica Luterana Independente. No quinto é apresentado um quarto grupo luterano no Brasil, chamado de Igreja Luterana Livre. O sexto capítulo, por sua vez, é mais de cunho reflexivo, analítico, acerca dos fatos apresentados nos capítulos anteriores e oferece algumas considerações sobre as condicionantes sociais, políticas, econômicas e eclesiásticas às quais o luteranismo esteve exposto. Ao fim segue o sétimo capítulo, que aborda as perspectivas da igreja luterana no país, especialmente pensando na busca por uma caminhada fraterna entre os diferentes grupos luteranos. Sobre o sétimo capítulo precisa ser dito que ele é fruto de um exercício bastante particularizado, onde apresentamos algumas vias possíveis na busca por reorientação de pensamentos, posturas e ações, considerando a possibilidade de uma aproximação maior e uma caminhada mais fraterna das igrejas luteranas no Brasil.
            E como ninguém está livre das influências do meio onde vive é justo registrar aqui o que julgamos haver de belo em cada um dos modelos luteranos a que tivemos acesso e que deixaram suas marcas em nossa vida. Sem desprezar outros aspectos, conscientemente destacamos três influências positivas: da IELB o zelo doutrinário bonito, com o respeito e apego à Palavra de Deus e às Confissões da Igreja; da IECLB a capacidade de consideração para com o outro, que pensa diferente e tem outros jeitos de adorar a Deus; do Luteranismo Livre, o desafio de pensar um luteranismo pietista, sem fugir do essencial, que é a Palavra e o mínimo de elementos confessionais luteranos que o defina e permita continuar sendo, de fato, uma igreja cristã luterana.

            Rogamos ao Senhor da Igreja que abençoe este trabalho e nos conduza conforme sua graça, para que também sejamos usados por Ele, em nosso dia a dia, como foram aqueles imigrantes que plantaram, junto com a semente cultivada no solo da nação, a semente da fé, que nasceu em nosso coração. A estes imigrantes e tantos outros, que seguiram depois, nossa singela homenagem, em forma de poema, sobre a imigração e o nascimento da Igreja Luterana no Brasil, que segue resumindo o conteúdo de nossa obra:

SANGUE IMIGRANTE








Edição 2015, do autor
Paginas- 100
Acabamento - Costurado e colado.

Encomendas:
Pelo  e-mail, lauropst@hotmail.com. 
Edição 2015, do autor
Paginas- 100
Acabamento - Costurado e colado.


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