Na Igreja Batista de Goiabeiras,
em Vitória, as vozes que se ouvem do púlpito durante o culto se misturam. O
passado de predomínio da fala masculina foi rompido, após duas mulheres serem
ordenadas pastoras na comunidade. Um ato de reconhecimento depois de anos de
trabalho e dedicação.
As pastoras Anna Eliza Simonetti Polastri de Oliveira Francisco, de 36 anos, e Rosilene Rodrigues Vieira, 56, foram ordenadas no dia 30 de setembro. A escolha das duas foi feita democraticamente pela comunidade por meio de uma assembleia. Após a indicação, as pastoras foram sabatinadas em um concílio formado por 37 pastores do Espírito Santo e de fora do Estado. Lá, foram apresentadas questões teológicas, de eclesiologia e da história dos Batistas. Aqui no Estado 14 mulheres foram ordenadas pela Igreja Batista. Anna Eliza e Rosilene são as primeiras com atuação na Grande Vitória. “Eu me senti, enfim, fechando um ciclo em minha vida, porque, embora já viesse exercendo a função pastoral na prática, receber o reconhecimento que esse lugar é legítimo é uma paz que vem ao meu coração”, destaca a pastora Anna Eliza. A ordenação das pastoras acabou reavivando a discussão de que o Espírito Santo é um dos estados mais fechados para a ordenação de mulheres. “A história leva essa mudança. A igreja, a comunidade em si sempre reconheceram o ministério feminino, só que agora começam a querer algo mais e a perceber que as mulheres têm os mesmos direitos que os homens”, disse a pastora Rosilene. Segundo a professora de Teologia da Faculdade Unidade Vitória Claudete Beise Ulrich, a ordenação de mulheres se fortaleceu após a declaração da Década das Mulheres pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1975. Também está baseada nas reflexões sobre o papel das mulheres nas igrejas protestantes e nos movimentos dos primeiros encontros entre estudantes de teologia, teólogas e pastorasnasdécadasde80e90 que propuseram novas formas de ler e interpretar os textos bíblicos. “Havia a suspeita de que a igreja era fortalecida por um patriarcado e esse movimento de releitura da Bíblia mostra que isso não se sustenta”, disse a professora. Ela cita ainda o texto bíblico de Joel capítulo 2, versículo 28: “Derramarei o meu Espírito sobre toda carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão”. O não reconhecimento das funções que as mulheres já exercem nas igrejas provocava inquietação. Rosilene teve seu reconhecimento após 30 anos de atuação ministerial. Trabalhou até como ‘plantadora’ de igrejas no Sertão. “Apesar de ter a função pastoral pelo preconceito eu não era reconhecida como pastora.Acabei muitas vezes sendo ridicularizada porque eu estava sempre no meio dos pastores exercendo essa função”, relembra. PRECONCEITO Quando adolescente, Anna Eliza se sentia vocacionada para ser pastora, mas quando falava disso era reprimida. Diziam que a função não era para mulheres e que para exercer papel de liderança na igreja ela deveria se casar com um pastor. Mas foi com a indicação para participar do concílio que o preconceito se mostrou ainda mais explícito. Líderes religiosos, inclusive batistas veicularam cartazes e postagens nas redes sociais que, segundo ela, a agrediram emocionalmente e moralmente. “O governo batista é democrático e as igrejas são autônomas, mas infelizmente líderes e pastores de outras igrejas se sentiram no direito de nos violentar por texto, por rede social, e isso foi bastante negativo. Essas violências machucaram a nós e nossas famílias”, disse Anna Eliza.
As pastoras Anna Eliza Simonetti Polastri de Oliveira Francisco, de 36 anos, e Rosilene Rodrigues Vieira, 56, foram ordenadas no dia 30 de setembro. A escolha das duas foi feita democraticamente pela comunidade por meio de uma assembleia. Após a indicação, as pastoras foram sabatinadas em um concílio formado por 37 pastores do Espírito Santo e de fora do Estado. Lá, foram apresentadas questões teológicas, de eclesiologia e da história dos Batistas. Aqui no Estado 14 mulheres foram ordenadas pela Igreja Batista. Anna Eliza e Rosilene são as primeiras com atuação na Grande Vitória. “Eu me senti, enfim, fechando um ciclo em minha vida, porque, embora já viesse exercendo a função pastoral na prática, receber o reconhecimento que esse lugar é legítimo é uma paz que vem ao meu coração”, destaca a pastora Anna Eliza. A ordenação das pastoras acabou reavivando a discussão de que o Espírito Santo é um dos estados mais fechados para a ordenação de mulheres. “A história leva essa mudança. A igreja, a comunidade em si sempre reconheceram o ministério feminino, só que agora começam a querer algo mais e a perceber que as mulheres têm os mesmos direitos que os homens”, disse a pastora Rosilene. Segundo a professora de Teologia da Faculdade Unidade Vitória Claudete Beise Ulrich, a ordenação de mulheres se fortaleceu após a declaração da Década das Mulheres pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1975. Também está baseada nas reflexões sobre o papel das mulheres nas igrejas protestantes e nos movimentos dos primeiros encontros entre estudantes de teologia, teólogas e pastorasnasdécadasde80e90 que propuseram novas formas de ler e interpretar os textos bíblicos. “Havia a suspeita de que a igreja era fortalecida por um patriarcado e esse movimento de releitura da Bíblia mostra que isso não se sustenta”, disse a professora. Ela cita ainda o texto bíblico de Joel capítulo 2, versículo 28: “Derramarei o meu Espírito sobre toda carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão”. O não reconhecimento das funções que as mulheres já exercem nas igrejas provocava inquietação. Rosilene teve seu reconhecimento após 30 anos de atuação ministerial. Trabalhou até como ‘plantadora’ de igrejas no Sertão. “Apesar de ter a função pastoral pelo preconceito eu não era reconhecida como pastora.Acabei muitas vezes sendo ridicularizada porque eu estava sempre no meio dos pastores exercendo essa função”, relembra. PRECONCEITO Quando adolescente, Anna Eliza se sentia vocacionada para ser pastora, mas quando falava disso era reprimida. Diziam que a função não era para mulheres e que para exercer papel de liderança na igreja ela deveria se casar com um pastor. Mas foi com a indicação para participar do concílio que o preconceito se mostrou ainda mais explícito. Líderes religiosos, inclusive batistas veicularam cartazes e postagens nas redes sociais que, segundo ela, a agrediram emocionalmente e moralmente. “O governo batista é democrático e as igrejas são autônomas, mas infelizmente líderes e pastores de outras igrejas se sentiram no direito de nos violentar por texto, por rede social, e isso foi bastante negativo. Essas violências machucaram a nós e nossas famílias”, disse Anna Eliza.
Fonte: Jornal A Gazeta
SULLIVAN SILVA
susilva@redegazeta.com.b
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