A definição das eleições presidenciais
acontece no próximo domingo e, neste cenário de polarização e divergências
entre os eleitores e seus candidatos,psicólogos da Grande Vitória relatam a
piora em relação à saúde mental dos capixabas com a escolha do futuro
presidente do Brasil. Segundo o Conselho Regional de Psicólogos do Estado
(CRP-ES),
casos de sofrimento que chegam à prática clínica em decorrência do
acirramento político do país aumentaram consideravelmente nos últimos meses,
principalmente durante o segundo turno. Em uma reunião realizada pelo CRP nesta
semana, cerca de 50 psicólogos disseram receber diariamente nos consultórios
pacientes que falam sobre discussões e conflitos por conta de um possível resultado
no segundo turno das eleições, conta a presidente,Maria Carolina Fonseca
Barbosa Roseiro. A psicóloga Caroline
Ramalho é uma das que perceberam que pelo menos metade dos pacientes que atende
em seu consultório particular expõe algum tipo de transtorno ou dificuldade em
relação às eleições. Além das dificuldades de comunicação,Caroline conta que os
pacientes relatam angústia,medo e preocupação com o futuro. “Os que têm uma
condição financeira melhor até falam em sair do país dependendo do
resultado.Alguns já até planejam, pesquisam como é a vida em outros países,
procuram saber sobre visto e informações do tipo”. A psicóloga já ouviu, ainda,
que alguns dos pacientes relatam medo de volta da Ditadura Militar no Brasil.
“Isso acontece, principalmente, com os pacientes LGBT, negros e mulheres”,
avaliou. BRIGAS A psicóloga Sara Casteluber reforça que alguns pacientes já
narraram briga familiar,medo de sair na rua e de ocupar espaços em que situações
de violência sejam “mais declarada e não velada”,medo da perda de direitos e outros
problemas.“Nós buscamos trabalhar com o paciente as potencialidades e o que ele
pode buscar, usar as resistências e laços afetivos para atravessar esse momento,
que já aconteceu outras vezes na história política do país, mas está se
aflorando de um jeito absurdo.” Getúlio Souza, que atua como psicólogo clínico
no Hospital das Clínicas detalhou que recebe pacientes que relatam o notável
crescimento de discurso de ódio em um momento de caos social. “Muitas vezes
esse impacto é sentido de modo inconsciente. Esse discurso que atesta violência
contra certos grupos atenta diretamente contra o laço social – que é o que usamos
para nos constituir de modo saudável psicologicamente.” O psicólogo também
reforçou a percepção de um aumento nas tendências suicidas de pacientes com
ansiedade e depressão. “O discurso de ódio e violência ganha muita força na
sociedade,e ele é completamente contrário à saúde mental. Com isso, aumenta o
risco de suicídio entre os pacientes, depressão, ansiedade e outras doenças”.
Maria Carolina Fonseca Barbosa, presidente do CRP, contou que têm chegado pedidos
de ajuda para lidar com essa situação que paira sobre o país. “Ouvimos
psicólogos relatando que estão acolhendo pessoas com problemas familiares,
conflitos nos relacionamentos, ansiedade de andar na cidade, de conviver com as
pessoas e principalmente medo. São mensagens que falam de situações que
aconteceram e que estão acontecendo”.
Fonte: Jornal Agazeta
LAIS MAGESKY
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